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Eu podia te contar muitas mentiras, mas não quero. Não sou nada
racional. E, olha, não sei ser objetiva. Enrolo uma vida para falar uma coisa
simples. Dou um montão de voltas até chegar no ponto principal. Sempre me
perco. Sempre me bato nas coisas, por isso vivo roxa. Ligo sem nenhum motivo
aparente, só por ligar, só pra não dizer nada. Sinto raiva. E na hora da raiva
falo coisas que nem acredito depois. Fico cega, cegueta mesmo. E depois me
arrependo, peço desculpa, tento engolir o que falei. Minha tê-pê-ême é
violenta, sou capaz de matar uma pessoa. Fico descontrolada. E com medo de mim.
Furo em festas. Digo que vou, marco hora e não apareço. Não gosto de atender
telefone quando estou vendo a novela. E às vezes eu me escondo das pessoas.
(..) Não é em todo lugar que me sinto bem. Não sei receber críticas e sou a
minha maior crítica. Minhas opiniões são fortes, assim como meu gênio. Tem
vezes que sei ser bem ranzinza, principalmente se estou com alguma coisa
entalada na garganta ou de saco cheio de alguma situação. Quando algo me
desagrada fecho a cara. Ou fico muda. Sou irônica e implicante. Quando pego
implicância ninguém me segura. Nem eu. (..) Sou preguiçosa e sei ser arrogante.
Não gosto de indiretas, mas de vez em quando dou. Não gosto de baixaria, mas já
fiz. Sou uma ciumenta com comprovante de residência. Já tive ciúme até do
vento. Eu bem que podia ter tentado te impressionar. Dizer que sou uma pessoa
bem agradável, amorosa, gentil, bonita e fina. Também podia te contar todas as
coisas legais e incríveis que faço diariamente. (..) Podia, mas não fiz. Eu sou
essa mesmo: sem máscara, sem arma, sem retoque, sem nada. Tenho incontáveis
defeitos, mas me ofereço inteira: com minhas partes estragadas e boas. Se
quiser vem logo pra cá.
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